segunda-feira, junho 20, 2005

O meu lar

o meu lar é étereo
ou feito do sangue que pulsa do coração
nasce do nada, no nada se envolve
murmura sozinho
no calor e no frio, quando busca caminhos
e fica preso em encruzilhadas ou maldições
as pegadas são escaças
os caminhos tortuosos e perigosos
as luzes de fogo-fátuos
vão morrendo pelo caminho,
o mapa perdeu-se,
quando viajou numa garrafa a caminho do mar
por isso o meu lar é étereo,
mora numa casa na árvore, numa cabana ou gruta
mora em ti,
mora nos poetas e nas noites de luar
mora nos cheiros de suor e de flores
mora no sexo dos amantes,
mora nas estrelas e planetas longínquos
mora nos frutos silvestres
mora na luz que entra pela copa das árvores adentro
mora no vento que foge entre montanhas
mora no paladar de um beijo molhado
mora num corpo nu abandonado,
mora nos gritos dos indígenas,
mora no cantar dos pássaros e anjos,
mora na memória dos tempos
e nos tempos eternos sem memória.

Zianne