O gato que não era
O gato que não era
Estava sentado no degrau da porta, deixando o cigarro morrer enquanto se me iluminava a música.
Aqui a planície pariu a serra e o calor derrete-nos a alma.Ao longe a miopia provoca confusões. A silhueta branca é intrigante:
Será cão? ou gato?Cão não é.
O gato é delicioso no seu andar, pisando gentilmente a calçada, com o corpo tangueando quem o olha, uma bailarina, garota que delicia os olhares por onde passa, provocadora do desejo e dando azos ao ciumar de quem a julga ter.
O gato baila com seu corpo e seu olhar de desdém para quem o quer.É um cão. Sem gentileza, nem ciumar, mas uma tontearia desgarrada de bicho louco.
O cigarro esse continua a sua agonia esfumarada, cumprindo o seu destino e saudando com o vermelho, um baton em sua morte, o fim que o puxa.
Enquanto me afogo em pensamentos, sabe-se lá de quais, os carros se dirigem para lá onde vão, sem conversa. mas com o soluçar da velocidade que não perturba o cão.Não é desprezo.
O gato esse sim é desprezeiro.
O cão é ingenuidade de tonto que caminha com o seu sorriso dependurado na língua de fora que contrabalanceia seu rabo.Se o chamasse correria na felicidade que algo aqui o esperaria.
O gato me olharia, se me olhasse, e me mandaria para algum lado menos próprio para quem o compreenda.
Mas o seu olhar é expressão mais forte que qualquer expressão típica de boteco.
O cigarro morreu. Faço-lhe o funeral e cumpro-lhe o velório.Deixo o gato que não era e volto para dentro.
Marco Alexandre Saias
Estava sentado no degrau da porta, deixando o cigarro morrer enquanto se me iluminava a música.
Aqui a planície pariu a serra e o calor derrete-nos a alma.Ao longe a miopia provoca confusões. A silhueta branca é intrigante:
Será cão? ou gato?Cão não é.
O gato é delicioso no seu andar, pisando gentilmente a calçada, com o corpo tangueando quem o olha, uma bailarina, garota que delicia os olhares por onde passa, provocadora do desejo e dando azos ao ciumar de quem a julga ter.
O gato baila com seu corpo e seu olhar de desdém para quem o quer.É um cão. Sem gentileza, nem ciumar, mas uma tontearia desgarrada de bicho louco.
O cigarro esse continua a sua agonia esfumarada, cumprindo o seu destino e saudando com o vermelho, um baton em sua morte, o fim que o puxa.
Enquanto me afogo em pensamentos, sabe-se lá de quais, os carros se dirigem para lá onde vão, sem conversa. mas com o soluçar da velocidade que não perturba o cão.Não é desprezo.
O gato esse sim é desprezeiro.
O cão é ingenuidade de tonto que caminha com o seu sorriso dependurado na língua de fora que contrabalanceia seu rabo.Se o chamasse correria na felicidade que algo aqui o esperaria.
O gato me olharia, se me olhasse, e me mandaria para algum lado menos próprio para quem o compreenda.
Mas o seu olhar é expressão mais forte que qualquer expressão típica de boteco.
O cigarro morreu. Faço-lhe o funeral e cumpro-lhe o velório.Deixo o gato que não era e volto para dentro.
Marco Alexandre Saias


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